quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Verdade Negada parte II


“Quando não se havia mais lágrimas para extrair,quando o mundo já não me servia, comecei a traduzir o meu caos através das minhas palavras do meu próprio jeito” 
                                Virginia da Silva Melo

                  
               *    Minhas dores tornavam-se intensas, quando não conseguia verbalizar. Não falava o que estava sentindo, sentia muito medo dele, minhas palavras se fossem ditas era como via de escoamento do afeto estrangulador, sentia uma real necessidade de expressar a minha dor, era preciso escoar de alguma forma o que não suportava, essa sinestesia tão intensa.
                     A linguagem é uma expressão que se usada para verbalizar suas ações  pode ser usada como objeto de estudo de pesquisa da mente humana, entretanto não podia falar, sentia que havia perdido as  palavras, a linguagem deixara de ser minha forma de comunicação, me comunicar pela linguagem seria um absurdo um monólogo,amordaçada por toda uma vida.Que sensação terrível.Mas as palavras que me fora roubada adormeceria por longo período, enquanto  outras eram constantes aos meus ouvidos, opressoras, agressivas, de traduções duvidosas,e de interpretações vulgares,estas furavam meu peito como lanças encharcadas de ódio, ou amor quem sabe?Difícil entender opostos, já que os dois se preenchem.
                     Meus medos me dominavam, eram meus guias, me conduziam pro caminho que eu devia seguir, caminho sem caminho, paralíticos, desesperançosos, que aflição seguir esse caminho!
                    Uma linguagem imperfeita, não verbalizada, era tudo que podia dizer.
                    Sofrimento?
                    Não.
                    Escolha. Escolhi ser assim, mas se escolhe a quase inexistência, uma paralisia opcional, como? Perguntava-me.
                   O inferno pelo qual eu passara, fora o inferno do amor. Como posso falar, o inferno que me fez gente, que me amordaçou por toda uma vida, uma inutilidade perfeita, mas o que dizer  dessa inutilidade de não pensar em nada,o pensar como uma escassez horripilante de não entender o que se passava,o que pensar de uma vida inteira com a auto estima jogada ao chão, assim me sentia.
                  O bem preenchendo as cavidades do mal como uma chave que preenche a fechadura da porta, assim é o amor.
                  Assim falaria se pudesse, nunca pude falar somente gesticulava, quando menos murmurava o que sentia.
                 Monossílabos insanos, sem a mínima compreensão.
*parte do texto Verdade Negada por Virginia da Silva Melo

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